APOCALÍPTICOS E INTEGRADOS
Apocalyptic and Integrated
Sea of Shadows – Hüseyin Mert Erverdi, 3'18", Turquia
"Sea of Shadows" é dedicado não só à minha mãe, mas a todas as almas que encontraram seu porto final no abraço do mar. O filme traduz o luto pessoal em uma contemplação da condição humana, estabelecendo um diálogo entre o pessoal e o universal. É um estudo sobre encontrar paz na dor, força na fragilidade e beleza no cru. Também homenageia os ciclos da vida e a perseverança da vontade humana.
"Sea of Shadows" is dedicated not only to my mother but to all souls who found their final harbor in the embrace of the sea. The film translates personal grief into a contemplation of the human condition, establishing a dialogue between the personal and the universal. It acknowledges individual grief while resonating with the shared human experience. It is a study in finding peace amidst pain, strength amidst fragility, and beauty in the raw, it serves as an ode to the cycles of life, a testament to the perseverance of human will.

BOSCO – Stefano Canapa, Lucie Leszez, 7'50", França
Três cineastas (L. Leszez, J. Lainé e S. Canapa) trazem de volta imagens da floresta. Elas são retrabalhadas e desestruturadas com os meios do laboratório fotoquímico. BOSCO é um rompimento visual pontuado por um preto e branco contrastado e hipnótico.
Three filmmakers (L. Leszez, J. Lainé, and S. Canapa) bring back images of the forest. They are reworked and deconstructed using photochemical laboratory techniques. BOSCO is a visual breakthrough punctuated by contrasted and hypnotic black and white.

Under the Midnight Sun – Mélissa Faivre, 9'52", França
"Under the Midnight Sun" é uma dança de luz e sombras, uma paisagem em tons de cinza texturizados que se expande por uma cidade apocalíptica. O sol é lua e luz. Ele se revela por meio de dinâmicas visuais pulsantes, frequências instáveis e ritmos vibrantes; até se desintegrar em partículas e pixels, desaparecendo na escuridão.
"Under the Midnight Sun" is a dance of light and shadows, textured grayscale expanding across the landscape of an apocalyptic city. The sun is moon and light. It unveils itself by means of visual pulsating dynamics, unstable frequencies, and vibrating rhythms; until it disintegrates into particles and pixels, and vanishes into darkness.

TEXtrucTURAS (Humanas) – Luis Carlos Rodriguez, 8'54", Espanha
Obra de pesquisa artístico-instrumental com Inteligência Artificial no campo das Artes Audiovisuais. Busca transferir conceitos expressivos e emocionais à tela por meio de imagens em movimento, deliberadamente carente de aspectos formais, narrativos e estruturais.
An artistic-instrumental research work with Artificial Intelligence as part of a project in Audiovisual Arts. It aims to transfer expressive and emotional concepts to the screen through moving images, deliberately lacking formal, narrative, and structural aspects.

...in darkness there is light. – Daniel Maldonado, 12'45", EUA
Filme artesanal e elegíaco que explora a dança efêmera da luz e da escuridão, centrado no icônico metrô #7 da cidade de Nova York. Um retrato de cura através do tempo, gravado com cinematografia de pinhole durante o confinamento da Covid, com trilha sonora de Mike Vernusky.
A handcrafted film elegy exploring the ephemeral dance of light and darkness, centered on NYC’s iconic #7 subway train. Shot during the Covid lockdown, with pinhole cinematography and a score by Mike Vernusky.

to open a window – Craig Scheihing, 2'19", EUA
Uma janela espelhada convida à reflexão.
A mirrored window makes a suggestion.

Existence II – Leena Lehti, 5'01", Finlândia
Existence II foca nas abelhas, propondo um olhar cheio de curiosidade e compaixão.
Existence II focuses on bees, proposing a gaze filled with curiosity and compassion.

consider – Ж , 3'07", Brasil
Bombas como fogos de artifício,
o artifício da guerra televisionada
num céu preto suave,
perfurações de luz no veludo do filme
para qualquer reflexão séria
o sideral
Bombs like fireworks,
the artifice of televised war
in a soft, black sky,
perforations of light in the film’s velvet
for any serious reflection
the sidereal

Con la luz de árboles cortas raíces por la tarde – Horacio Torruco, 6'00", México
Vídeo-diário sobre a passagem dos dias enevoados nas cidades; entre o ruído das construções e os passeios de bicicleta que levam a lugares onde se pode ver as árvores de inverno. Quando o sol se põe, o oceano se reflete no espelho retrovisor.
Video-diary about the passage of foggy days in the cities; between the noise of the constructions and the bicycle rides that lead to places where the winter trees can be seen. As the sun sets, the ocean is reflected in the rearview mirror.

The Cormorant's Shadow – Barbara Peikert, 1'00", Suíça
Um divertido corvo-marinho relaxa em uma bóia no lago e assiste a uma animação que revela um plano por trás disso: seria a IA ou o desejo de participar do espetáculo?
A funny cormorant relaxes on a buoy in the lake and watches an animation that reveals a plan behind it: AI or the urge to take part in the spectacle?

Traceless Traces – Dirk Cornelis de Bruyn, 5'02", Austrália
Vídeo-poema que faz a ponte entre mídias analógicas e digitais, articulando um trauma sem rastros embutido na superfície do filme materialista. Criado por meio de desenho e tingimento diretamente na emulsão do filme de acetato.
Poetry video bridging the gap between analog and digital media, enunciating a trace-less trauma embedded in the surface of materialist film. Created by drawing and dyeing directly on the emulsion surface of acetate film.

Reversal – Diane Nerwen, 6'34", EUA
"Reversal" combina imagens e sons de filmes lançados ou transmitidos em 1973, ano da decisão Roe v. Wade da Suprema Corte. Na estranha nova realidade inaugurada pela decisão Dobbs, o slogan “Não vamos voltar” ressoa com amarga ironia. Esta colagem evoca o espectro da regressão e repressão.
"Reversal" combines images and sounds from movies released or broadcast in 1973, the year the Supreme Court decided Roe v Wade. In the strange new reality ushered in by the Dobbs decision, the slogan "We won't go back" is recalled with bitter irony...

Curadoria Duo Strangloscope
Atravessamos o título desse homônimo livro de Umberto Eco para nos afastarmos deliberadamente de sua tese em vários de seus desdobramentos e focar apenas nesse grupo heterogêneo de pensadores da cultura de massa do século passado que se situaram em dois campos opostos da reflexão. Uns acreditaram que a arte e seus produtos culturais, transformados em mercadoria fariam o espaço, antes libertário da criação artística, se transformar em fábrica de produtos gerados a partir do desejo do mercado, condicionados ao capital e não mais ao espírito criador do artista. Outros acreditaram que a arte enquanto mercadoria teria uma organização mais competente e adequada aos ideais de consumo e segurança financeira dos artistas que ingressariam como agentes de produção de mercadorias artísticas sem qualquer hipocrisia.
Pois bem, acreditamos, nós que trabalhamos com cinema experimental numa forma de criação artística independente de fatores de mercado e na geração de um campo de trabalho que se retroalimenta como comunidade experimental, o que nos torna livres para nos manifestarmos segundo nossas convicções e espírito crítico regidas pela nossa sensibilidade artística.
Nos filmes dessa programação, temos pontos de vista sobre o mundo contemporâneo e seu modo capitalista mais destruidor da natureza, da cultura, da memória como também temos pontos de vista mais bucólicos que abrem uma janela para sensibilidades de uma outra via de escape.
Somos uma comunidade e somos múltiplos.
We invoke the title of Umberto Eco’s book of the same name deliberately to diverge from many aspects of its thesis and instead focus solely on a heterogeneous group of mass culture thinkers from the last century who positioned themselves on opposite sides of the debate. Some believed that art and its cultural products, once transformed into commodities, would turn the formerly liberating space of artistic creation into a factory of products driven by market desires—conditioned by capital rather than the artist’s creative spirit. Others believed that art as a commodity could provide a more competent and suitable structure for the ideals of consumption and financial security, allowing artists to take part in the production of artistic goods without hypocrisy.
As for us—those working with experimental cinema as a form of artistic creation independent of market forces—we believe in fostering a self-sustaining field of work grounded in experimental community, which allows us to express ourselves freely, guided by our convictions and critical spirit, shaped by artistic sensitivity.
The films in this program present diverse perspectives on the contemporary world: from critical reflections on capitalism’s destructive impact on nature, culture, and memory, to more bucolic views that open a window onto sensibilities that suggest other paths of escape.
We are a community, and we are multiple.