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LÍNGUA FOGO E NÓS NA BORDA DO ESPELHO D’ÁGUA

Tongue, Fire, and Us at the Edge of the Water's Mirror

Curadoria Duo Strangloscope

Como narrar o absurdo, o genocídio, a violência assassina? Na língua do povo originário, Cartaz do absurdo contém ou é contido pela narração de acontecimentos selvagens imputados pelos bárbaros colonizadores aos nossos indígenas assassinados com requinte de crueldade. A forma civilizada e poética de seus relatos sobre o barbarismo do branco é a chama vívida das batalhas que até hoje enfrentam os indígenas. Nas imagens e paisagens sonoras a tentativa de criar uma narrativa/suporte que a contenha e a prolifere, atualizando o conteúdo das cartas através da obra experimental. Difícil tarefa a que se impôs Gabraz em Cartas do absurdo de gerar um mundo sensório e sensível para recriar essa narrativa tão antiga e tão atual do genocídio indígena em nosso país. Imaginar as imagens e sons, formas sensíveis que nos permitam encarar esse fosso, esse poço fundo onde mal se reflete nem o passado nem o presente, espelho do nosso olhar incrédulo, estupefato e de nosso corpo inerte, imóvel e arrebatado pelo tamanho absurdo que tateamos nessa busca impossível de irmanarmo-nos em relação ao sofrimento do outro, irreproduzível.

How can one narrate the absurd, genocide, murderous violence?
In the language of the Indigenous peoples, Cartas do Absurdo contains—or is contained by—the narration of savage events attributed by barbaric colonizers to our Indigenous peoples, who were murdered with refined cruelty. The civilized and poetic form of their accounts of white barbarism is the vivid flame of battles that Indigenous peoples continue to face today. In the images and soundscapes, there is an attempt to create a narrative/support that both holds and proliferates this content, updating the meaning of the letters through experimental work. It is a difficult task that Gabraz has set for himself in Cartas do Absurdo: to generate a sensory and sensitive world in order to recreate this ancient and yet still urgent narrative of Indigenous genocide in our country. To imagine the images and sounds—sensitive forms that allow us to face this abyss, this deep well that barely reflects either the past or the present, a mirror of our incredulous, stunned gaze and our inert, motionless body, seized by the sheer absurdity we grope at in this impossible search to relate to the suffering of the other—irreproducible.

Cartas do absurdo - Gabraz Sanna, 46’, Brasil

O fim do mundo descrito em quatro cartas escritas por indígenas brasileiros no século XVII. Cartas do Absurdo trata dos efeitos devastadores do genocídio dos povos indígenas do Brasil ao longo dos últimos cinco séculos.

 

The end of the world described in four letters written by native Brazilians in the 17th century. Cartas do Absurdo deals with the devastating effects of the genocide of Brazil’s Indigenous peoples over the last five centuries.
 

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